Advogado pode ter premeditado assassinato de Fernanda Ribeiro

Ele esteve com ela horas antes do crime, tentou ocultar provas e criar álibi

Da Redação


O advogado Alexandre França Pessoa, de 42 anos, suspeito de matar Fernanda Daniele de Paula Ribeiro dos Santos, de 36 anos, pode ter premeditado o crime, revela investigação da Delegacia de Polícia Civil de Batayporã, com apoio da SIG (Seção de Investigações Gerais) da 1ª Delegacia de Nova Andradina.

De acordo com relatório da investigação, um dos três aparelhos celulares apreendidos do investigado traz fortes indícios de que o advogado esteve com a vítima no dia 28 de abril das 18h22 até às 18h28, em frente ao endereço da vítima, na rua Redentor, na região do bairro Irman Ribeiro, onde provavelmente pegou Fernanda para sair, como era de costume do casal.

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Pouco mais de uma hora, das 19h40 até às 19h48, o aparelho indicou localização próximo ao local onde o corpo da vítima foi encontrado. Ou seja, na rodovia que dá acesso à cidade de Taquarussu, que por sua vez é a mesma que dá acesso a Batayporã via cascalho.

Para reforçar a tese e corroborar com a investigação, uma testemunha, de 39 anos, que prestava serviços para Fernanda, disse que no dia do crime, 28 de abril, entre às 15h40 e 17h10, sustentou que a vítima havia combinado de sair com Alexandre por volta das 18h30.

No dia do crime, Alexandre e Fernanda se conversam via aplicativo WhatsApp desde as primeira horas da manhã, conforme prints que estão no relatório policial de investigação, mas que serão preservados e não publicados.

 Alexandre e Fernanda olhando celular - Foto: Redes sociais

Mas ali percebe-se que o investigado já marcava encontro com a vítima por volta das 18h30. Algo intencional já estava preparado, conforme detalha a investigação. Entre os prints, Fernanda pede para Alexandre casar com ela, para ser tudo “certinho”... ele responde que sim, fala que o desejo dela será obedecido.

Por volta do meio dia, Alexandre fala que irá fazer a barba e Fernanda responde: “Quero muitos beijos hoje”. Sinal que o casal iria se encontrar na noite de 28 de abril como de costume.

Já por volta das 12h27, o investigado pergunta para a vítima que horas ela iria no salão, então ela responde às 16h e que às 17 horas estaria em casa.

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Minutos depois, Alexandre responde que às 18h30 estaria na casa dela, o que confirmou o sistema de geolocalização do aparelho dele.

Em outras conversas, que também estão printadas, demonstram uma intimidade do casal, onde havia combinado algo na noite do dia do crime, pois falava sobre uma “fantasia sexual” que planeja ter mais tarde.

Entre às 14h17 e 14h18, Fernanda envia mensagem para Alexandre sobre um “kit” promocional da marca “Colgate” e pede para ele pegar dizendo que o preço está ‘18 e alguma coisa’. Tal “Kit” se encontrava em promoção em uma farmácia em Nova Andradina, fato comprovado por câmeras de segurança do estabelecimento.

 Alexandre entrando na farmácia - Foto: Reprodução/Jornal da Nova

Às 16h04, o investigado manda uma mensagem para a vítima dizendo que vai começar a fazer a barba para se encontrar com ela. Em seguia ela envia uma foto, aparentemente de sua coxa direita e diz: “Mais roxos”. A polícia acredita que Alexandre teria cometido alguma agressão contra ela. Pois, relatos de pessoas próximas dizem que ele costumava bater nela em algumas oportunidades.

Alexandre envia áudio para Fernanda às 17h17 onde diz que ia tomar seus remédios, ir na farmácia comprar o kit e num cliente e manda beijos. De fato ele passou na farmácia e no bairro Horto Florestal onde pegou uma tornozeleira eletrônica de um cliente que entregaria no dia seguinte no presídio local. Tudo confirmado por geolocalização e documentos.

Às 19h57 Alexandre envia uma mensagem que estaria indo na casa da testemunha, de 37 anos, tomar tereré, seguido de um áudio, com outra testemunha, de 53 anos, onde reforçava quer iria para a tal casa tomar o mate e bater papo, nesse horário provavelmente Fernanda já estava morta, Alexandre envia somente para criar seu álibi. Nesse local funciona uma empresa de distribuidora de gás, onde outra testemunha, de 36 anos, achou estranho o investigado ficar filmando e tirando fotos e selfies.  

Antes disso, imagens de segurança da residência do suspeito, registraram sua entrada com o carro empoeirado – onde a polícia conclui que ele chega do local do crime, troca de roupas, limpa o carro Ford/Fusion de cor preta e sai poucos minutos depois para construir um álibi, uma história.

 Carro de Alexandre no posto de combustível, abastecendo e lavando os vidros - Foto: Reprodução/Jornal da Nova

Ao sair para a tal casa tomar o chimarrão ou tereré, ele passa em um posto de combustível e abastece o carro, bem como, pede para jogar água nos vidros para tirar a poeira, o que a polícia aponta que ele esteve no local do crime e sujou o carro.

Já na frente da casa do amigo onde encontraria outras testemunhas que foram ouvidas no Inquérito Policial, ele chegou meio nervoso o que foi percebido pelos companheiros. Uma câmera de segurança de uma residência próximo registrou Alexandre dentro do carro com a lanterna do celular acessa por alguns minutos, como se estivesse à procura de algo.

Ele apresentava atordoado, inquieto e procurava por diversos vestígios de sangue dentro do seu veículo quanto no seu entorno. Aos amigos ele falava que tinha conversado com a vítima e que estaria com a família dela.

Por volta das 22h16 ele deixa a residência e vai para sua casa. No dia seguinte ao crime, conforme registro de câmera de segurança, ele sai com o carro limpo, ou seja, a polícia conclui que ele limpou, assim como fez com peças de roupas e chinelos.

Logo cedo, a Polícia Civil de Batayporã já estava no local onde o corpo de Fernanda Ribeiro foi encontrado, mas somente no final da tarde foi identificado.

Mesmo assim, segundo a investigação, Alexandre não se demonstrou abalado com a morte de sua namorada. Uma testemunha por áudio às 21h44, pergunta se o investigado sabe alguma coisa sobre o fato, quatro minutos depois responde por áudio: “Ah, eu não sei cara, só tó vendo esses negócios ai dos jornais ai, negócio chato pra porra cara, a gente tava tão bem ai... rapaz... nos dava risada, brincava, namorava... é foda bicho... é... o meu amigo se cuida também... um abraço, vou dormir, falo...”.

 Buscas foram realizadas na casa do suspeito - Foto: Arquivo/Jornal da Nova

De acordo com a polícia, áudio em que Alexandre, outra vez se mostra indiferente, não demonstra que está abalado com a perca, que não fez questão de ir até a polícia para saber o que realmente houve, ou seja, mais uma vez demonstra que já tinha conhecimento do crime e não sofreu qualquer abalo.

“Convenhamos que não é uma atitude de quem acabou de perdeu uma pessoa próxima e mais, apenas estaria preocupado com o fato de que seria ouvido na qualidade de suspeito, demonstrando total frieza com a morte de Fernanda”, diz trecho do relatório investigativo.

Outro fato que chamou a atenção da investigação, foi que Alexandre não compareceu ao velório de sua namorada e respondeu a mensagem a um amigo que questionou. “Bom dia, não vou porque estou sendo taxado como suspeito. Fica até chato ir no velório”, terminou respondendo: “Deus conduza ela para lugar onde ela possa viver em paz”.

 Roupas apreendidas que apresentaram manchas de sangue - Foto: Reprodução/Jornal da Nova

O investigado demonstra frieza, percebe-se que ele não quer ir a fundo para uma solução, não demonstra preocupação com o caso, não quer tentar descobrir quem possa ter feito. Em um dos posts que fez a mesma pessoa, ele diz: “O delegado está investigando”. Não demonstrando preocupação com o fato, nenhum momento questiona o interlocutor, que era mais próximo de Fernanda, sobre alguém que possa ter cometido o crime ou outras coisas. “Só foge do tema, nem parece que perdeu alguém importante”, diz relatório policial.

Ainda na tarde do dia 1º de maio, a Polícia Civil conseguiu um mandado de busca e apreensão em sua residência, onde foi apreendido roupas, chinelos, DVDR, celulares e o veículo. Diante de diligências investigativas, no dia seguinte, Alexandre Pessoa foi preso temporariamente por 30 dias, o que converteu posteriormente em preventiva.

No material coletado em sua residência, no carro havia vestígios de sangue da vítima, bem como numa peça de roupa, o que comprovou que ele esteve no local do crime, ainda restou apurado, que o investigado agiu sozinho. Ele está preso no Presídio Militar em Campo Grande.

Alexandre está preso no Presídio Militar em Campo Grande - Foto: Arquivo/Jornal da Nova

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